quinta-feira, março 29, 2007

Por baixo da terra....

Um monte de gente, uns sentados, outros em pé... se você está sozinho, reina o silêncio, acompanhado, conversas fúteis sobre assuntos inúteis, apenas para que as outras pessoas não achem que você seja um deslocado.
Olho para o lado, um lugar vazio... sentar ou não sentar? Se sento, entra uma pessoa que necessita daquele lugar mais do que eu.... se não sento o que acontece? Outro senta. Será que ele cederá o lugar se necessário for? Não cedeu. A grávida viaja em pé.
Olho para o outro lado, vejo-me refletido... como estou abatido, cansado, mais gordo, mais careca... quase desejo não me me reconhecer.... mas ainda sou eu. Querendo ou não.
Minha privacidade invadida por uma voz que anuncia onde estou... e eu lá quero saber disso? As vezes quero me perder, ficar em paz, sozinho! Gosto de pensar livremente, andar livremente mas a maldita voz anuncia onde estou. Saco.
Pessoas espremidas. Odores misturados. Perfume barato com desodorante ainda mais barato. Me cheiro e vejo que também estou assim. Cada vez me espremem mais, sinto que a qualquer hora posso explodir! Jogarei pedaços de mim por todos os lados. Fragmentos de uma personalidade ainda em construção. Sempre.
Saco. Quanto mais desejo que a viagem acabe, mais ela se prolonga. Eita paradoxo. E ainda dizem que é a melhor forma de andar na cidade. Discordo. Prefiro o ônibus. Muito mais vivo, mais pulsante. No ônibus me sinto parte da cidade, aqui, mais uma minhoca comendo terra.

2 comentários:

Mauro Amoroso disse...

Temos andado muito de metrô, meu caro. O segredo é tentar extrair alguma poesia de todo aquele plástico, ferro e vozes enlatadas. Se você se esforçar, às vezes dá certo, e ainda rende uma boa história para contar depois. Tente, é divertido!

Anônimo disse...

eu gostei! acabei de te descobrir aqui e gostei muito! que venham mais linhas! bjo!