sexta-feira, julho 27, 2007

Velhos amigos

Caminhava entre as pessoas no metrô, numa tentativa de disfarçar o incômodo que este meio de transporte lhe causava. Tentativa fracassada. Levou a mão ao bolso, pegou a carteira e abriu. Entre vários papéis (inclusive bilhetes de cinema), sacou dois reais para comprar uma coca zero na máquina logo a sua frente.
O som da abertura da latinha não pôde ser ouvido por conta da chegada do metrô. Ainda não era o seu, pois estava voltando para casa e o que acabara de chegar ia rumo à zona sul. Começou a beber o refrigerante ignorando os conselhos maternos sobre a limpeza destas latinhas. A vida inteira (apenas 20 e poucos anos) ouvira isso.
Mais alguns instantes e o metrô chega. A latinha se encontrava na metade.
Não posso dizer que tenha entrado no vagão. Atirado seria mais adequado. Nestas horas sempre se lembrava do funcionário do metrô de Tóquio, cuja função era comprimir as pessoas no vagão. Substituo atirado por comprimido.
Ao iniciar o movimento, conseguiu ajeitar o corpo e tomava cuidado com as suas mãos, pois lembrava das palavras de uma antiga inspetora de colégio, que dizia que era feio ficar esbarrando nas mulheres em locais públicos. Ainda bem que descobrira que elas gostavam disso, mas desde que acorresse com o consentimento.
Durante o longo tempo entre o Largo do Machado e a Afonso Pena tudo o que lhe restava era olhar para os lados, em busca de sei lá o que. Nesta busca incessante, vislumbrou um grande amigo da infância, aqueles amigos que não deixaram um telefone ou um endereço. Amigos invisíveis.
Começara a corrida dentro do vagão. Após muitos esbarrões (e ao fazer isso mentalizava um formal pedido de desculpas) se aproximou do amigo justamente na hora que ele saía do vagão. Ainda tentou levar a mão ao seu ombro, mas foi impedido por uma senhora que entrava, carregada de bolsas num vagão já cheio. A porta se fechara e ele fracassara.
Duas estações depois saiu do vagão e um pensamento lhe pertubava a cabeça. "Será que o amigo lembraria dele?"Logo ele, que havia passado o colégio em branco, não tinha se destacado em nada. No redemoinho de pensamentos e lembranças que agora invadiam sua cabeça, seguia para casa, achando-se um covarde.

sábado, julho 14, 2007

Vontades

Engraçado... cheguei em casa hoje com uma vontade estranha e ao mesmo tempo muito simples: queria escrever. O mais estranho desta história é que não tenho nada para dizer e antes que você pense que esta é mais uma crônica sobre o não escrever, eu afirmo: esta é uma crônica sobre o não escrever.
Desde o início da minha adolescência (e eu acho que virei adolescente aos 15 anos) tenho por hábito escrever e sempre fiz isso nas horas mais chatas do dia, como as minhas aulas de física e matemática no colégio ou nas aulas de história da américa na faculdade ou ainda nas aulas de história e historiografia da medicina no Brasil no mestrado (me arrepio só de lembrar).
Eu escrevia motivado pela seguinte crença. Vou colocar os meus problemas no papel e depois que terminar, jogo o papel no lixo e junto os meus problemas. Quando eu tinha 15 anos era fácil. Aos 18 passei a fazer terapia. A boa notícia é que tive alta aos 22.
Logo a minha escrita se desviou dos meus problemas para coisas do meu cotidiano, que se resumia a estudar, namorar e trabalhar (bons tempos em que não tinha contas a pagar). Desta forma escrevia sobre relacionamento, sexualidade e problemas menores no trabalho. Nada demais.
Em 2006 abandonei o mestrado e com ele as aulas chatas, momento dedicado à escrita e às crônicas que enchiam o meu caderno (queridos professores, me desculpem. Ou não). Minhas crônicas ficaram órfãs e parei de escrever.
Hoje não tenho mais as aulas chatas, só as que eu mesmo dou e nelas não posso parar para escrever. Sendo assim me restam os momentos em frente ao computador e quando bate uma puta vontade de escrever, preencho algumas linhas com algo que eu queira dizer. Pronto. Acho que só queria dizer isso.

terça-feira, julho 03, 2007

Humpf

acho que a minha mensagem do dia neste blog poderia ser uma espécie de comunicado.
"Venho por meio desta comunicar a morte deste blog. Sua causa mortis foi a mesma que nos tirou deste mundo o neurônio da mulher loira: Solidão."
hum.... acabou de me ocorrer que eu nunca escrevi visando leitores. Assim, devo estar escrevendo no lugar certo! Um abraço para todos os meus não leitores!