terça-feira, abril 06, 2010

O dia em que uma árvore estacionou sobre meu carro

Estou em casa. Deveria estar em Caxias dando aulas para uma turma de segundo ano, mas tenho certeza de que eles não estão sentindo a minha falta como sinto a deles. Afinal era melhor estar lá do que aqui contemplando a árvore sobre meu carro.
Rio de Janeiro, 5 de abril.... 18 horas... São Pedro anuncia que castigará a cidade com um temporal. Rio de Janeiro, 6 de abril.... 10:30.... a chuva parou. Como será que está a cidade agora? Leio que o número de desabamentos e pessoas sem casas é enorme. Realmente, a cidade não está nem perto de estar preparada para momentos como esse.
Bem, voltando ao meu início de dia.... o telefone toca, 6:21 da manhã. Do outro lado da linha Camila, dizendo que uma árvore tinha caído no carro! Para que eu desse uma olhada e se fosse possível, tirar o carro do lugar e depois levá-la ao trabalho. Bobinha.... Depois desse choque inicial, visto qualquer coisa e desço para ver o estrago.
Ao chegar percebo que o que caiu foi a copa da árvore. O tronco ficou preso em outro carro. Desço a rua para avisar para a Camila que a carona não vai rolar... mas ela já tinha ido. Me resta ligar para a defesa civil. Pensando bem, ligo depois. Uma árvore em cima de um carro não tem a menor importância se comparado a desabamentos e coisas assim. Deixo para depois. Venho para casa. No caminho um tombo básico só para quebrar o celular. Delícia! Afinal, o que é um peido para quem está cagado?
Chego em casa mais molhado que um peixe e, após me secar, leio o contrato do seguro do carro. Acompanhe comigo: Coberturda do seguro. blablabla. Situações não cobertas pelo seguro: Acidentes e/ou desastres naturais. Resumo da parada: me fu. Mas convenhamos... quem vai adivinhar que uma árvore vai cair no seu carro??? Ninguém!
Penso em quem processar.... a prefeitura, por não ter feito a poda? Fundação Parques e Jardins? A mão natureza? Melhor não, posso abrir um precedente e ela pode nos processar. Hum... pensando bem, ela já passou da fase do processo, estamos todos cumprindo pena.....

quinta-feira, abril 01, 2010

Muito tempo....

estava dando uma olhada por aqui e vi que não escrevia desde novembro de 2009.... muito tempo sem postar umas singelas linhas por aqui..... e o engraçado é que algumas pessoas me falaram que sentiam falta dos escritos desse blog... vá saber, vá entender...
Estive pensando sobre o que escrever e a única coisa que me veio a cabeça foi falar do Pedro II... afinal, comecei a dar aulas por lá e estou super realizado...
Realizado primeiramente por ser ex-aluno... segundo por encontrar uma equipe maneira pacas e terceiro por ter o imenso prazer de entrar em sala e ver aqueles alunos todos me olhando e levando no lado esquerdo do peito o emblema que sempre me encheu de orgulho...
Bem, se você que está lendo não for ex-aluno acho que não encontrará nada de interessante nas próximas linhas.... do contrário espero que se identifique.
Ao entrar no colégio me lembrei dos primeiros dias de aula, nos idos de 1987.... eu, um menininho de 6 anos, cabelos penteados para o lado, dentuço e magrelo entrando no colégio. Lembro-me de quando me agarrei no corrimão da escada e chorava, dizendo que não queria entrar... e o tio Ruy me dizendo: "Vamos Leonardo, vamos..." enquanto me puxava pelo braço. O primeiro contato não foi dos melhores....
Os anos foram se passando e várias foram as vezes que debrucei-me na grade que separava o pedrinho do pedrão e pensava no dia em que eu estaria do outro lado. Esse dia chegou.
Medo, apreensão.... os primeiros sentimentos.... assombro. O tamanho do colégio, a liberdade de ir e vir sozinho de ônibus... soma-se a isso as fugas dos pivetes e momentos de tensão no 239... novos professores, muito mais numerosos.... lembro de alguns que me marcaram tanto positivamente quanto negativamente, mas a ética me impede de citar nomes pois ainda estão por lá....hehehehe
As meninas que hoje são mulheres.... descobertas.... desejos.... adolescência né? Super normal. Timidez, gordinho, óculos e aparelho, instrumentos do fracasso... ah, quase me esqueci do cabelinho partido ao meio... nossa senhora... achava que nunca ficaria com ninguém, que deveria virar padre.... ainda bem que desisti disso.
O diretor anuncia obras. Teremos que nos mudar. Meu destino foi a unidade centro. Muitas mudanças... a primeira foi o comportamento. Os alunos do centro eram muito diferentes dos da tijuca. Mais descolados, camisas para fora, partidas de sueca, aulas que ninguém assistia, beijos roubados nos corredores... muito bom aquilo tudo.
Terceiro ano momento de decisão e uma grande greve. Três meses sem aula e coloquei nesses meses a culpa por não ter passado no vestibular para história... história? se perguntava a minha professora do terceiro ano... ela olhava minhas notas e dizia: "Você nunca tirou mais de 5 numa prova minha. Você quer fazer faculdade disso?" E eu respondia que os meus amigos tiravam 9, 10 e tinham aulas comigo e não com ela....hehehehe saudades da Verinha....
Acabou o colégio. Festa, formatura, abraços, despedidas, choro e promessas de que nunca perderemos contato. Mas a vida deu suas voltas e hoje, dos quase 400 alunos daquele terceiro ano, eu vejo uns 5.... e olhe lá....
Mas ficaram as lembranças, as fotos, as vozes, os sorrisos, os abraços.... saudades de um tempo lindo, maravilhoso que hoje vejo do outro lado, ao entrar em sala e olhar para aqueles meninos cheios de ideias e sonhos, iguais a mim, porém separados pelo tempo e nada mais...