domingo, junho 22, 2008

Fragmentos

acho que acordei mas não quero abrir os olhos. Permaneço com a dúvida. Adormeço. Acordo e abro os olhos. A claridade me incomoda e fecho os olhos novamente até me acostumar. Minha cabeça dói e tento me lembrar o motivo disso. Meus dedos fedem a cigarro barato. A boca está seca... os lábios colam um no outro. Abro os olhos e vejo que estou em casa e sozinho. Melhor assim. Menos explicações.
Tento me levantar e tudo gira. E como gira. A dor de cabeça é acompanhada por um enjôo. Caio. Tento fica em pé novamente. Uso a mesinha como apoio e torço para ela não escorregar no piso frio. Estou nu. As roupas emboladas no chão demonstram alguma pressa em me livrar delas. As pego, cheiro minha camisa. Cigarro e bebida. A noite desse ter sido longa.
Caminho para o chuveiro. Acendo o fogo e preparo um chá. Separo o analgésico e algo para o estômago. Entro no banho e deixo a água cair. Foda-se a economia de água. Bebo a água do chuveiro. Um, dois, doze, quinze goles. Me sacio.
Saio do chuveiro. Me enrolo na toalha. Descalço, pego o chá. Carqueja. Caminho para a sala. Olho o jornal. Leio sem querer ler. Não quero saber de nada.
Deito no sofá. O celular toca. Do outro lado perguntam se estou bem. Balbucio qualquer coisa. A pessoa do outro lado diz que está vindo e trará um engov. Desligo essa merda. O som dele me dói a cabeça.
Deitado no sofá repasso os compromissos do dia. Não quero fazer nada disso. Fecho os olhos e tento lembrar da noite anterior. Amnésia alcoólica é uma merda.
Casa. Festa. Pessoas que não conheço. Bebida. Música. Velas espalhadas pela casa. Vai dar merda, penso. Mais bebida. Cigarros. Hoje não tem maconha. Melhor assim. Mais pessoas. Papos chatos. Varanda. Outra pessoa. Conversas. Sobre tudo e o nada. Troca de olhares. Boca. Cabelo. Mãos. Carícias. Mãos. Braços. Bocas. Corpos. Bocas. Cabelos. Força. Carinho. Despedida.
Entro no carro. Cuidado na hora de sair. Sem batidas. Sem documento. Sem confusão. Preciso comer. Lapa. Qualquer besteira. Carro. Casa. Garagem. Porteiro diz algo sobre beber e dirigir. Casa. Roupa. Cama.
Acho que foi isso. Espero que tenha sido. Sem nomes, sem lugares, sem compromissos. Logo, sem arrependimento.

7 comentários:

Marco Dourado disse...

vivendo la vida loca XD

nada como acordar de manha sem lembrar de nada

abraço

Marco Dourado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
J. TOTTI disse...

Olha só quem eu encontrei aqui, hehe.. Antes que você pergunte, é a Juliana (a outra) do terceiro ano do QI de botafogo :)
Que texto, hein ?

Beijoca!

Anônimo disse...

é praticamente um Paulo Coelho!
Bom texto Leo!
Beijinhos, Elisa (pré-vest Qi botafogo)

Unknown disse...

bem pragmático. adoro essa coisa meio oswald de andrade...hahaha eu realmente tinha tempo livre sobrando mas, mesmo assim, fez-se valer. nao sabia desse seu lado hãã literário! hahahaha por falta de palavra melhor... eu arranjo de fazer um desenho sobre isso, mais tarde.

ah e a corrupcao é um ciclo, é verdade. estamos presos no sistema, é verdade. mas eu quero ver qd a gente vai ter a coragem de colocar a cara a tapa e dizer nao pros mecanicos safadinhos... ai... bom ai os otimistas entram com suas confabulacoes... acho que as comodidades de hoje acabam com aquele fogo revolucionario, a gente acaba achando q se ouvir o ipod mais alto esquece do tiroteio da esquina... enfim, pra mim é fácil falar!e pra todo mundo tb.

beijos titiãr, adriana linda e maravilhosa (haha sempre rolam as piadas saudaveis)

.g disse...

gostei do texto!

Vitoria disse...

Digno de lidas e relidas.